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     A sétima edição do SIEA da UFMG tem por objetivo contemplar uma área dos estudos antigos ainda pouco estudada no Brasil fora do campo estritamente teológico, a Patrística.

      Evidentemente, os autores cristãos - os apologistas e os denominados padres da Igreja - fizeram uma ampla e profunda apropriação dos autores gregos que liam, mas isso não é substancialmente diferente daquilo que, por exemplo, os próprios pensadores da Antiguidade Clássica - Platão e Aristóteles -, para citar apenas o exemplo deles, fizeram em relação aos pensadores que nós denominamos pré-socráticos. 

      Toda a história da filosofia pode ser entendida como uma série de releituras e adaptações de ideias anteriores e é nessa perspectiva que gostaríamos de lançar a discussão de como os pensadores cristãos desde os primeiros apologistas até o século VII (com Isidoro de Sevilha no Ocidente) ou até o século VIII (com João Damasceno no Oriente) liam, estudavam e reciclavam os filósofos da Antiguidade não cristã e seus conceitos.

      Foi então a partir desse confronto inicial entre o mundo grego não cristão e a religião cristã emergente que novas ideias e conceitos centrais para a compreensão da filosofia ocidental, surgiram e se desenvolveram e foram sendo incorporados nesse longo elo de conversação filosófica que constitui a filosofia ocidental. 

      A influência do mundo grego nos pensadores cristãos dos séculos iniciais foi imensa. Desde os mitos gregos - passando pelos pré-socráticos, pelos sofistas e por Sócrates, por Platão e Aristóteles, pelos estoicos e pelos cínicos e evidentemente por todos os autores neoplatônicos - todos esses autores e correntes de pensamento da Antiguidade foram ressignificadas e lidas em um imaginário cristão, ou seja, um imaginário que tentou compatibilizar ou separar definitivamente as cidades que representariam os polos mesmos de nossa cultura ocidental, Atenas e Jerusalém.